quarta-feira, 4 de julho de 2012

[SGM] A Estranha Morte de Heinrich Himmler

John C. Schwarzwalder, janeiro de 1947.


Tem ocorrido muitos relatos conflitantes a respeito da morte de Heinrich Himmler, alguns dos quais não passam de pura especulação. Aqui está estória autêntica e testemunhada contada por um membro da divisão de inteligência das Forças do Serviço do Exército. O major John C. Schwarzwalder viajou para o exterior com a força tarefa ocidental de Patton e tornou-se o oficial de inteligência na cidade costeira de Casablanca. Na invasão do Sudeste da França, ele comandou as atividades de inteligência em Marselha e Toulon, e depois em Bijon, Liege e as Ardenas. O major Schwarzwalder esteve no local onde Himmler morreu.

Os Editores


Entre os grupos que estávamos mais ansiosos de capturar após a ocupação da Alemanha estava os corpos dos homens conhecidos como a Geheime Feldpolizei, ou Polícia Secreta de Campo, composta de agentes que, enquanto ligados ao Exército Alemão, eram especialistas em capturar espiões aliados.

A inteligência alemã tinha mais grupos espetaculares, mas nenhum outro mais capaz. A prova de sua eficiência é o fato de que apesar de haver milhares de russos, poloneses, tchecos, eslovacos e homens de outras nacionalidades lutando no Exército Alemão, nunca houve um motim sério. Outra evidência da eficiência é o fato de que muitos poucos foram capturados antes da ocupação da Alemanha ou, se capturados, identificados como GFP (Geheime Feldpolizei). Nós na Contra Inteligência americana sua coragem, mas tínhamos grande respeito profissional por eles.

Era natural que quiséssemos agarrar os homens da GFP quase tanto quanto os homens da Gestapo, e os britânicos sentiram a mesma coisa sobre isso. Para a grande surpresa, portanto, da polícia militar britânica que haviam estabelecido um bloqueio na estrada próximo do Rio Velho, um grupo de 12 não-combatentes alemães idosos em um final de tarde de maio apresentando-se como membros dispensados do GFP, desejando passagem para o sul em direção de suas casas. O que surpreendeu a polícia não foi a aparência do grupo ou mesmo o fato de que aqueles homens pertenciam ao GFP.

Os policiais imediatamente entregaram o grupo para a mais próxima unidade da inteligência britânica, que, por sua vez, enviou-os para o Centro de Interrogatório Preliminar próximo a Bremen. O jovem oficial britânico encarregado lá decidiu algo que não estava no protocolo, mas ele estava lotado de serviço, como todo homem de inteligência estava na época, de modo que ele os levou ao centro de Interrogação Detalhada, 45 km longe.

O major britânico encarregado lá era um homem capaz, mas ele também estava literalmente trabalhando até a morte. Ele chamou o tenente no centro Preliminar e quis saber por que o tenente esta lotando seu campo com não-combatentes do GFP. O tenente explicou que, apesar de ele não ter tido tempo para um interrogatório completo, os documentos estavam um pouco perfeitos. O major era muito experiente para não respeitar a intuição de um agente treinado, de modo que ele decidiu dar uma olhada.

O centro levou os 12 prisioneiros para interrogatório. Eles foram todos despidos e examinados, a busca envolvendo não somente suas roupas – sapatos e revestimento dos sapatos, as costuras das calças e dos casacos – mas também seus pertences pessoais. Isto não foi somente prudente mas rotineiro. Não melhor meio de interrogar um homem do que ele estar nu diante de você e você está confortavelmente sentado fumando um cigarro.

Todos os alemães foram revistados, mas nada foi encontrado. Então, quando o interrogatório começou, um dos alemães deu um passo adiante. “Eu sou ajudante de Heinrich Himmler,” ele anunciou.

Os queixos dos interrogadores caíram. Eles olharam entre si, pensando o que isto significava. Um segundo alemão deu um passo adiante.

“Eu sou Heinrich Himmler,” ele disse. Ele usava um tapa-olho e era muito mais magro do que aparecia em suas fotos. Os interrogadores olharam para ele de modo incrédulo. Ele removeu o tapa-olho, seu olho sendo o mesmo azul claro que não era só de Himmler, mas de outros milhões de alemães. Ele permaneceu parado diante dos oficiais britânicos e olhou-os diretamente.

“Eu sou Heinrich Himmler,” ele repetiu em alemão, “e eu exijo ver o Marechal Montgomery para discutir um assunto de conseqüências enormes.”

Neste momento, os oficiais britânicos haviam acrescentado mentalmente 9 kg de peso e um bigode para sua imagem e rosto, e quase estavam convencidos de que ele era Himmler. Eles fizeram-lhe poucas perguntas, e ele as respondeu rápida e corretamente, ao mesmo tempo exigindo a presença de Montgomery. Os britânicos perguntaram-lhe por quê.

“Tenho uma informação definitiva,” ele disse, “que os russos pretendiam cruzar o Elba talvez hoje ou amanhã e atacar o Segundo Exército Britânico. Também procuro pelo Marechal Montgomery para oferecer-lhe muitas divisões da SS alemã para ajudar-lhe a defender seu exército.”

O oficial encarregado disse para o resto dos prisioneiros voltarem para suas celas. Ele deu ao nu Himmler um par de cuecas e um cobertor do exército para cobrir-se. Ele chamou seu superior imediato e contou-lhe as novidades, então sentou-se para interogar o homem que era chefe da Gestapo, da organização de inteligência do partido nazista e da inteligência do Exército Alemão.

A princípio, Himmler se recusou a conversar com qualquer um que não fosse Montgomery, mas ele mudou de idéia quando o oficial disse-lhe que o marechal não estava imediatamente disponível. Ele respondeu perguntas rapidamente, mas de forma completa. Ele disse que não tinha tempo para questões menores, que ele estava extremamente ansioso para continuar com o assunto da resistência aos russos. Ele parecia convencido de que, agora que Hitler estava morto, os britânicos e os americanos poderiam lutar contra os russos em questão de dias. Sua última e melhor missão na vida, ele disse, era levar o apoio do que sobrou da Alemanha para ajudar a Inglaterra e a América na luta contra “as hordas do Leste”. Ele parecia mais sincero em relação a isso do que qualquer outro prisioneiro importante capturado até então.

No meio do interrogatório, o coronel Blimp chegou. Vocês sabem o tipo de homem que quero dizer. Assim que ele entrou, todos os britânicos levantaram-se e Himmler também, esperando talvez ver Montgomery.

Coronel Blimp olhou-o cuidadosamente e disse, “Então, você é Himmler, você é, por Deus?” Himmler começou a dizer alguma coisa e o coronel Blimp gritou “Cale-se seu porco!” Himmler provavelmente não compreendia muito inglês, mas ele entendeu aquilo, tudo certo. Ele calou-se como uma porta e não falou mais uma palavra enquanto viveu.

O coronel Blimp então ordenou que Himmler fosse novamente revistado. O oficial explicou-lhe que Himmler já havia sido revistado. O coronel Blimp olhou fixamente para seu subordinado e ordenou que Himmler fosse novamente revistado. O prisioneiro recusou obstinadamente, mas sua luta silenciosa não melhorou a situação. Ele foi novamente revistado, da cabeça aos pés.

Ao final da revista, um médico do exército pediu a Himmler para abrir sua boca. O prisioneiro assim o fez, mas quando o médico colocou seu dedo dentro, Himmler o mordeu. O médico tirou seu dedo rapidamente. Himmler então prensou seus dentes e engoliu algo. Alguns dizem que ele sorriu raivosamente. No segundo seguinte ele estava no chão gemendo de agonia.

Os britânicos cercaram-lhe por um momento. Himmler estava esticado, sua cabeça voltada para trás. Sua garganta estava corada, vômito induzido foi provocado. Tudo o que foi possível foi feito para mantê-lo vivo, mas em vão. Em apenas 12 minutos, Himmler estava morto.




O frasco de cianeto de potássio que o matou estava inteligentemente fixado em torno de um buraco entre os dentes. Tudo o que Himmler precisava fazer em qualquer momento era deslocar sua mandíbula e morder. Os esforços do médico britânico em mantê-lo vivo prolongou sua agonia mas não poderia salvá-lo de um enforcamento mais tarde.

Os oficiais da Inteligência Britânica ficaram aborrecidos com o coronel Blimp. Ele violou um princípio fundamental do interrogatório: “Quando um prisioneiro está falando, deixe-o falar. Conduza sua conversa, trazendo-o para aquilo que você quer saber, mas não faça nada que o faça parar de falar.”

Eu não posso dizer o quanto os britânicos e nós perderam pelo abrupto fim do interrogatório de Himmler. Não sei quanta informação ele poderia ter nos dado, por exemplo, sobre a misteriosa morte de Hitler ou a probabilidade de Goebbels estar vivo. Sei que ele poderia nos ter dado um tesouro inimaginável de informação sobre suas organizações, como ele conseguiu o controle da inteligência do Exército Alemão, sobre seus métodos para manter a Wehrmacht na linha, sobre o destino de muitos de nossos agentes que desapareceram, sobre os da organização Wehrwolf e a conexão desta organização com a Juventude Hitlerista.

Ele poderia ter nos dito que homens que trabalhavam para nós na Alemanha eram seus próprios agentes, enviados para nos enganar. Ele poderia nos ter dito como aviadores aliados abatidos foram traídos por pessoal da Gestapo que haviam se infiltrado nas organizações de resistência. Havia centenas de coisas que poderia ter nos dito.

Pessoalmente, gostaria de saber exatamente porque Himmler, possuidor de recursos fabulosos para se disfarçar e escapar, escolheu passar como sargento da Polícia Secreta de Campo. Queria saber porque ele não obteve documentos para provar que ele era um reles sargento ou um não-combatente na artilharia ou qualquer um de uma centena de outras identidades que poderiam ter reduzido suas chances de ser capturado. Queria saber se a razão verdadeira por ele ter carregado documentos da GFP era de modo que ele não pudesse ser parado por tropas alemãs comuns enquanto fugia. Queria saber por que ele estava se dirigindo a Munique, como ele disse para a polícia militar. Quem ele estava esperando encontrar lá?

Acho que o mundo inteiro que saber por que ele manteve os campos de terror em Dachau e Buchenwald e Belsen. Queria saber como um homem razoável e bem apessoado (como ele era) pôde ser o perpetrador de tais atividades. Onde e de quem ele teve a idéia que ele estava abaixo de Hitler e que Hitler estava abaixo de Deus? O que causava a tal homem agir deste modo? Como as coisas funcionavam?

Bem, graças ao coronel Blimp, jamais descobriremos as respostas. Mesmo que muitos de nós tenhamos cometido enganos na guerra para não culpar muito o coronel. Acima de tudo, aqueles que fizeram a primeira revista que não encontraram o cianeto.

O resto da estória é curto. Os russos enviaram três oficiais para olhar os restos e determinar se eles eram de Himmler. Ele foram embora satisfeitos. No dia seguinte, uma equipe de oficiais britânicos e soldados transportaram o corpo para um ponto desconhecido nas florestas do norte da Alemanha. Lá, eles o enterraram. Eles juraram nunca revelar o local da cova, e eles manterão o juramento.

Não havia ninguém para orar, nenhuma lágrima. O maior assassino de todos os tempos havia retornado à terra – e parece duvidoso que mesmo Deus tenha piedade de sua alma.

http://www.oldmagazinearticles.com/DEATH_OF_HEINRICH_HIMMLER_Information_pdf

Controvérsia

Em 2003, o historiador Martin Allen, consultando os Arquivos Nacionais em Londres, teria encontrado provas de que Brendan Bracken, ministro da informação de Churchill, teria emitido documentos em que o Primeiro-Ministro britânico exigia que Himmler fosse assassinado assim que fosse capturado. O argumento de Allen era que Himmler havia feito inúmeras tentativas de negociar uma paz com a Inglaterra durante a guerra, mas as propostas foram peremptoriamente recusadas por Churchill. Quando a guerra terminou, este ficou preocupado que este fato viesse a público e sua imagem ficasse prejudicada.




Em 2005, o jornalista Ben Fenton do Daily Telegraph, suspeitando do conteúdo dos três documentos mencionados, até porque tal ordem jamais seria registrada em papel, pediu uma investigação sobre a autenticidade deles. Fenton convenceu o Daily Telegraph a bancar uma investigação forense. Ao todo, foram descobertos 29 documentos forjados, alguns dos quais impressos em impressora laser. Allen argüiu que os documentos que ele consultou eram verdadeiros e talvez tenham sido substituídos por falsos após a publicação do livro para esconder uma revelação comprometedora e prejudicar sua biografia. Em um adendo à edição de 2005 de seu livro, Allen escreveu sobre a confusão e disse que aceitava as conclusões da análise forense, porém ele perguntava como documentos falsos permaneceram durante tanto tempo nos Arquivos Nacionais, dotado de uma equipe qualificada de historiadores, sem serem notados. Além disso, não é procedimento normal do Arquivo Nacional liberar documentos oficiais para análise externa, mas neste caso, os documentos foram liberados rapidamente.

Em 2005, o Serviço de Promotoria do Reino Unido resolveu arquivar o caso, argumentando que o estado de saúde de Allen era precário.

Argumentos de Allen:

http://books.google.com.br/books?id=D0esWBqTYkMC&pg=PA289&lpg=PA289&dq=himmler%C2%B4s+secret+war+martin+allen+controversy&source=bl&ots=sDke393X_J&sig=uUA85zoAsOgK1KquyrrnPtpvRuo&hl=pt-BR&sa=X&ei=JnD0T4CYJYL69QSJ7aTiBg&ved=0CGQQ6AEwBA#v=onepage&q=himmler%C2%B4s%20secret%20war%20martin%20allen%20controversy&f=false

Argumentos de Fenton:

http://www.ft.com/intl/cms/s/0/f3a43fbc-18ab-11dd-8c92-0000779fd2ac.html#axzz1zfpqSGYT

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