sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

[POL] Eugenia e os Nazistas – A Conexão Californiana

Edwin Black, 09/11/2003


Hitler e seus seguidores vitimaram um continente inteiro e exterminaram milhões em sua busca pela chamada Raça Superior.

Mas o conceito de uma raça nórdica branca, loira e de olhos azuis não surgiu com Hitler. A idéia foi criada nos Estados Unidos, e cultivada na Califórnia, décadas antes de Hitler chegar ao poder. Os eugenistas californianos tiveram um papel importante, apesar de desconhecido, na campanha para limpeza étnica do movimento eugênico americano.

A eugenia foi uma pseudociência que objetivava “melhorar” a raça humana. No seu extremo, a forma racista, isto significava se livrar de todos os seres humanos classificados como “ineptos”, preservando somente aqueles que se enquadravam ao estereótipo nórdico. Elementos da filosofia foram santificados como política nacional através da esterilização forçada e de leis de segregação, assim como restrições conjugais, estabelecidas em 27 estados. Em 1909, a Califórnia tornou-se o terceiro estado a adotar tais leis. Finalmente, os praticantes da eugenia esterilizaram cerca de 60.000 americanos, barraram o casamento de milhares, forçosamente segregaram milhares em “colônias” e perseguiram números incontáveis em modos que estamos apenas tomando conhecimento. Antes da Segunda Guerra Mundial, quase metade de esterilizações coercivas foram feitas na Califórnia, e mesmo após a guerra, o Estado foi responsável por um terço de tais cirurgias.

A Califórnia era considerada um epicentro do movimento eugênico americano. Durante as primeiras décadas do século XX, os eugenistas da Califórnia incluíam cientistas raciais influentes, mas pouco conhecidos, como o especialista em doenças venéreas do Exército Dr. Paul Popenoe, o magnata das frutas cítricas Paul Gosney, o banqueiro de Sacramento Charles Goethe, assim como membros da Comissão de Caridade e Correção do Estado da Califórnia e a Comissão de Reitores da Universidade da Califórnia.


Paul Popenoe


A eugenia teria sido apenas conversa bizarra de salão se ela não tivesse recebido financiamento extensivo de filantropos corporativos, especialmente o Instituto Carnagie, a Fundação Rockfeller e a fortuna da ferrovia Harriman. Eles estavam todos em conluio com alguns dos cientistas mais respeitados da América de tais prestigiadas universidades como Stanford, Yale, Harvard e Princeton. Estes acadêmicos abraçaram a teoria e ciência raciais e então falsificaram e distorceram dados para servir aos objetivos racistas da eugenia.

O presidente de Standford David Starr Jordan originou a noção de “raça e sangue” em sua epístola racial de 1902 “Sangue de uma Nação”, na qual o estudioso declarou que as qualidades humanas e condições tais como talento e pobreza passavam pelo sangue.

Em 1904, o Instituto Carnagie criou um complexo laboratorial em Cold Spring Harbor em Long Island que acumulou milhões de fichas sobre americanos comuns, com os pesquisadores cuidadosamente traçando a remoção de famílias, linhagens e povos inteiros. De Cold Spring Harbor, os defensores da eugenia agitaram nas assembleias legislativas da América, assim como nas agências e associações de serviço social da nação.

A fortuna da ferrovia Harriman pagou caridade local, como o Escritório de Indústrias e Imigração de Nova York para encontrar imigrantes judeus, italianos e outros e em outras cidades populosas e sujeitá-los à deportação, prisão ou esterilização.

A Fundação Rockfeller financiou o programa de eugenia alemão e mesmo financiou o programa que Josef Mengele trabalhou antes de ir para Auschwitz.

Muito da orientação espiritual e agitação política para movimento eugênico americano veio das quase-autônomas sociedades eugênicas da Califórnia, tais como a Fundação para Melhoramento Humano de Pasadena e a filial da Califórnia da Sociedade Eugênica Americana, que coordenou muito de sua atividade com a Sociedade de Pesquisa Eugênica em Long Island. Estas organizações – que funcionavam como parte de uma rede – publicaram periódicos eugênicos racistas e jornais pseudocientíficos, tais como o Notícias Eugênicas e Eugenia, e propagandeou a ideologia nazista.

A eugenia nasceu como uma curiosidade científica na era vitoriana. Em 1863, Sir Francis Galton, primo de Charles Darwin, teorizou que se pessoas talentosas casassem somente com outras pessoas talentosas, o resultado seria um descendente comparativamente melhor. Na virada do último século, as ideias de Galton foram importadas para os Estados Unidos, assim como os princípios da hereditariedade de Gregor Mendel foram redescobertos.

Os defensores da eugenia americana acreditavam com fervor religioso que os mesmos conceitos mendelianos determinando a cor e tamanho de ervilhas, milho e gado também governavam o caráter social e intelectual de um homem.

Em um Estados Unidos demograficamente agitado pela onda de imigração e dividido pelo caos pós-reconstrução (N. Do T.: depois da Guerra Civil), o conflito racial estava presente em todo lugar no início do século XX. Elitistas, utopistas e os chamados progressistas fundiram seus medos raciais latentes e seus preconceitos de classe no sentido de criar um mundo melhor. Eles reinventaram a eugenia de Galton como uma ideologia racista e repressiva. A intenção: povoar a Terra com mais de seus pares sócio-econômicos e biológicos – e menos ou nada do resto.

A espécie superior que o movimento eugênico vendia não era somente formada por pessoas altas, fortes e talentosas. Os eugenistas estabeleceram tipos nórdicos loiros e de olhos azuis. Este grupo sozinho, eles acreditavam, estava preparado para herdar a Terra. No processo, o movimento pretendia diminuir negros emancipados, trabalhadores imigrantes asiáticos, indianos, hispânicos, europeus orientais, judeus, pessoas de cabelos escuros, pobres, enfermos e qualquer um que fosse classificado fora das linhas genéticas estabelecidas pelos estudiosos da raça (N. do T.: raceologists).

Como? Identificando árvores genealógicas defeituosas e sujeitando-os à segregação eterna e programas de esterilização para eliminar suas descendências. O grande plano era literalmente acabar com a capacidade reprodutiva daqueles classificados como fracos e inferiores – os chamados ineptos. Os eugenistas esperavam neutralizar a viabilidade de 10% da população numa só tacada, até que nenhum fosse deixado vivo exceto eles próprios.

Dezoito soluções foram estudadas em um “Relatório Preliminar do Comitê da Seção Eugênica da Associação do Reprodutor Americano para Estudo e para Identificar os Melhores Meios Práticos para Eliminar o Germoplasma (N. do T.: elemento dos recursos genéticos que maneja a variabilidade genética entre e dentro da espécie, com fins de utilização para a pesquisa em geral, especialmente para o melhoramento genético) Defeituoso na População Humana”, apoiado pelo Instituto Carnagie em 1911. A solução número oito era a eutanásia.

O método sugerido mais comum de eugenocídio nos Estados Unidos era uma “câmara letal” ou câmaras de gás coletivas operadas localmente. Em 1918, Popenoe, o especialista em doenças venéreas do Exército durante a Primeira Guerra Mundial, coescreveu o livro universitário amplamente usado, “Eugenia Aplicada”, que argumentava, “De um ponto de vista histórico, o primeiro método que se apresenta é a execução... Seu valor em manter o padrão da raça não deve ser subestimado.” “Eugenia Aplicada” também dedicava um capítulo para a “Seleção Letal”, que operava “através da destruição do indivíduo por algum efeito negativo do ambiente, tal como frio excessivo, ou bactéria, ou por deficiência corporal.”

Reprodutores eugênicos acreditavam que a sociedade americana não estava pronta para implantar uma solução letal organizada. Mas muitos hospícios e médicos praticavam morte médica improvisada e eutanásia passiva por sua própria conta. Uma instituição em Lincoln, Illinois, alimentava seus pacientes novatos com leite de vacas tuberculosas acreditando que indivíduos eugenicamente fortes seriam imunes. De trinta a quarenta por cento de óbitos eram registrados em Lincoln. Alguns médicos praticaram eugenocídio passivo em um bebê recém-nascido uma vez. Outros médicos em hospícios praticaram a omissão letal.

Entretanto, com o eugenocídio marginalizado, a principal solução para os eugenicistas era a rápida expansão da segregação forçada e esterilização, assim como mais restrições a casamentos. A Califórnia liderava a nação, executando quase todos os procedimentos de esterilização com pouco ou nenhum processo correto. Em seus primeiros 25 anos de legislação eugênica, a Califórnia esterilizou 9.782 indivíduos, a maioria mulheres. Muitas foram classificadas como “garotas más”, diagnosticadas como “apaixonadas”, “taradas” ou “sexualmente imprevisíveis”. Na Casa Pública Sonoma, algumas mulheres foram esterilizadas porque seus clitóris ou lábios vaginais foram considerados grandes.

Só em 1933, pelo menos 1.278 esterilizações forçadas foram realizadas, 700 em mulheres. As duas maiores fábricas de esterilização do Estado em 1933 foram a Casa Pública Sonoma com 388 operações e o Hospital do Estado Patton com 363 operações. Outros centros de esterilização incluíam Agnews, Mendoncio, Napa, Norwalk, Stockton e os hospitais públicos da Colônia do Pacífico.


Agnews

Mesmo a Suprema Corte dos EUA endossou aspectos da eugenia. Em sua decisão infame de 1927, o juiz Oliver Wendell Holmes escreveu, “É melhor para todo mundo se, ao invés de esperar para executar descendente degenerado por crime, ou deixá-lo morrer de fome por conta de sua imbecilidade, a sociedade puder prevenir aqueles que são manifestamente ineptos de continuarem sua espécie...Três gerações de imbecis é o suficiente.” Esta decisão permitiu que milhares de pessoas sofressem esterilização forçada ou perseguidas como subumanas. Anos depois, os nazistas no Julgamento de Nuremberg citaram as palavras de Holmes em sua própria defesa.

Somente após a eugenia tornar-se entrincheirada nos EUA é que a campanha foi transferida para a Alemanha, em grande medida, através dos esforços de eugenistas da Califórnia, que publicaram panfletos idealizando a esterilização e circulando-os para funcionários e cientistas alemães.

Hitler estudou as leis eugênicas americanas. Ele tentou legitimar seu anti-semitismo ao medicá-lo, e envolvê-lo na fachada pseudocientífica mais palatável de eugenia. Hitler foi capaz de recrutar mais seguidores entre alemães cultos ao afirmar que a ciência estava ao seu lado. O ódio racial de Hitler nasceu de sua própria cabeça, mas a base intelectual da eugenia que Hitler adotou em 1924 nasceu na América.

Durante os anos 1920, os cientistas eugênicos do Instituto Carnagie cultivaram relações profundas pessoais e profissionais com os eugenistas fascistas da Alemanha. No “Mein Kampf”, publicado em 1924, Hitler citou a ideologia eugênica americana e mostrou abertamente um conhecimento detalhado da eugenia americana. “Há hoje um Estado,” escreveu Hitler, “o qual pelo menos caminha em direção de uma melhor concepção (de imigração). É claro, não é nossa exemplar República alemã, mas os Estados Unidos.”

Hitler orgulhosamente disse aos seus camaradas como ele estava acompanhando de perto o progresso do movimento eugênico americano. “Tenho estudado com grande interesse,” ele disse a um amigo nazista, “as leis de muitos estados americanos sobre a prevenção de reprodução por pessoas cuja prole poderia, com toda probabilidade, não ter nenhum valor ou ser prejudicial à herança racial.”

Hitler chegou mesmo a escrever uma carta de elogio ao líder eugenista americano Madison Grant, chamando seu livro racial baseado na eugenia, “A Passagem da Grande Raça”, sua “bíblia”.

Agora, o termo americano “nórdico” foi alterado livremente para “germânico” ou “ariano”. Ciência racial, pureza racial e domínio racial tornaram-se as forças motivadoras por trás do Nazismo de Hitler. A eugenia nazista ditaria finalmente quem seria perseguido em uma Europa dominada pelo Reich, como as pessoas viveriam e como elas morreriam. Os médicos nazistas tornar-se-iam os generais invisíveis na guerra de Hitler contra os judeus e outros europeus classificados como inferiores. Os médicos criariam a ciência, descobririam as fórmulas eugênicas e selecionariam à mão as vítimas para esterilização, eutanásia e extermínio em massa.

Durante os primeiros anos do Reich, eugenistas por toda a América saudaram os planos de Hitler como a concretização lógica de décadas de seu esforço e pesquisa. Os eugenistas da Califórnia republicaram propaganda nazista para consumo americano.


Cartaz do Programa de Eutanásia da Alemanha Nazista: "Esta pessoa sofrendo de defeitos hereditários custa à comunidade 60.000 Reichsmark durante sua vida. Companheiro alemão, este é seu dinheiro também."


Eles também organizaram exibições científicas nazistas, tal como uma exposição em agosto de 1934 no Museu do Condado de Los Angeles, para o encontro anual da Associação de Saúde Pública Americana.

Em 1934, quando as esterilizações foram aceleradas para mais de 5.000 por mês, o líder eugenista da Califórnia C. M. Goethe, após voltar da Alemanha, entusiasticamente alardeou para um colega, “Você estará interessado em saber que seu trabalho está tendo uma parte importante na formação de opiniões do grupo de intelectuais que estão ao lado de Hitler neste programa de tomada de decisões. Em todos os lugares, senti que suas opiniões foram tremendamente estimuladas pelo pensamento americano... Quero você, meu amigo, leve esta mensagem contigo para o resto de sua vida, que você realmente impulsionou para ação um grande governo de 60 milhões de pessoas.”

Naquele mesmo ano, 10 anos após a Virgínia passar seu ato de esterilização, Joseph DeJarnette, superintendente do Hospital Público da Virgínia Ocidental, observou no jornal Richmond Times-Dispatch, “Os alemães estão nos batendo em nosso próprio jogo.”

Mais do que fornecer o embasamento científico, a América financiou os institutos eugênicos da Alemanha.

Em 1926, Rockfeller doou cerca de U$ 410.000 – quase U$ 4 milhões a preços de hoje – a centenas de pesquisadores alemães. Em maio de 1926, Rockfeller doou U$ 250.000 para a criação do Instituto Kaiser Wilhelm de Psiquiatria. Entre os psiquiatras no Instituto de Psiquiatria Alemã estava Ernst Rüdin, que tornou-se diretor e eventualmente um arquiteto da repressão médica sistemática de Hitler.

Dentro do complexo de institutos de eugenia no Instituto Kaiser Wilhelm estava o Instituto para Pesquisa do Cérebro. Desde 1915, ele operava em uma sala simples. Tudo mudou quando o dinheiro de Rockfeller chegou em 1929. Uma receita de U$ 317.000 permitiu ao instituto construir um prédio principal e assumir o comando na biologia racial alemã. O instituto recebeu dinheiro adicional da Fundação Rockfeller durante os anos seguintes. Liderando o instituto, novamente, estava o seguidor médico de Hitler, Ernst Rüdin. A organização de Rüdin tornou-se o elemento principal e o lar de pesquisa e experiências assassinas conduzidas em judeus, ciganos e outros.

Começando em 1940, milhares de alemães tirados de asilos, hospícios e outras instalações foram sistematicamente gaseados. Entre 50.000 e 100.000 foram eventualmente mortos.

Leon Whitney, secretário executivo da Sociedade Eugênica Americana, declarou do Nazismo, “Enquanto estávamos engatinhando... os alemães estavam chamando os bois pelos nomes.”

Um receptor especial do financiamento de Rockfeller era o Instituto Kaiser Wilhelm para Antropologia, Hereditariedade e Eugenia Humanas em Berlim. Por décadas, os eugenistas americanos desejavam gêmeos para avançar em sua pesquisa sobre hereditariedade.

O instituto estava agora preparado para assumir tal pesquisa a um nível sem precedentes. Em 13 de maio de 1932, a Fundação Rockfeller em Nova York despachou um telegrama para seu escritório em Paris:

Encontro de Junho do Comitê Executivo

Nove mil dólares por um período de três anos para o Instituto de Antropologia do KWG para Pesquisa com gêmeos e os efeitos em gerações futuras de substâncias tóxicas para Germoplasma.

Na época do financiamento de Rockfeller, Otmar Freiherr Von Verschuer, um herói nos círculos eugenistas americanos,trabalhou como chefe do Instituto para Antropologia, Hereditariedade Humana e Eugenia. O financiamento de Rockfeller deste instituto continuou por via direta e através de outros meios durante o mandato de Verschuer. Em 1935, Verschuer deixou o instituto para formar uma instituição eugenista rival em Frankfurt que foi muito celebrada na imprensa eugenista americana. Pesquisa com gêmeos no Terceiro Reich explodiu, mantida por decretos governamentais. Verschuer escreveu no Der Erbazt, um periódico médico eugenista que ele publicava, que a guerra da Alemanha resultaria em uma “solução total para o problema judaico.”

Verschuer teve um assistente de longa data. Seu nome era Josef Mengele.

Em 30 de maio de 1943, Mengele chegou a Auschwitz. Verscher notificou a Sociedade de pesquisa Alemã, “Meu assistente, o Dr. Josef Mengele (M.D., Ph D.) juntou-se a mim neste ramo de pesquisa. Ele está presentemente empregado como Hauptsturmführer (capitão) e médico no campo de concentração em Auschwitz. O teste antropológico da maioria dos diversos grupos raciais neste campo de concentração está sendo conduzido com a permissão do SS Reichsführer (Himmler).”

Mengele começou a procurar gêmeos na chegada dos vagões. Quando ele os encontrava, ele conduzia experiências bestiais, escrupulosamente anotando os relatórios e enviava os trabalhos de volta para o instituto de Verschuer para avaliação. Geralmente cadáveres, olhos e outras partes de corpo também eram despachadas para os institutos eugênicos de Berlim.

Os executivos da Rockfeller jamais souberam de Mengele. Com poucas exceções, a fundação encerrou todos os estudos eugenistas na Europa ocupada antes da guerra eclodir em 1939. Mas por esta época, os dados haviam sido lançados. Os homens talentosos que Rockfeller e Carnagie financiaram, as grandes instituições que eles ajudaram a fundar, e o silêncio que eles ajudaram a criar seguiram caminho próprio.

Após a guerra, a eugenia foi declarada um crime contra a humanidade – um ato de genocídio. Os alemães foram julgados e eles citaram os estatutos da Califórnia em sua defesa – sem sucesso.

Entretanto, o chefe de Mengele Verschuer escapou de ser processado. Verschuer reestabeleceu suas conexões com os eugenistas da Califórnia, que saíram de cena e renomearam sua cruzada de “genética humana”. Típica foi uma troca em 25 de julho de 1946, quando Popenoe escreveu para Verschuer, “Foi de fato um prazer saber sobre você novamente. Estava muito ansioso sobre meus colegas na Alemanha... Suponho que a esterilização foi descontinuada na Alemanha?” Popenoe comentou boatos sobre várias personalidades americanas da eugenia e então enviou várias publicações eugênicas. Em um pacote separado, Popenoe enviou chocolate, café e outros produtos.

Verschuer respondeu, “Sua carta muito amigável de 7/25 deu-me um grande momento de satisfação e você tem meus sinceros agradecimentos por isso. A carta constrói outra ponte entre o seu e o meu trabalhos científicos; espero que esta ponte nunca colapse novamente mas, ao invés disso, torne possível estímulo e riqueza mútuas.”

Logo, Verschuer novamente tornou-se um cientista respeitado na Alemanha e ao redor do mundo. Em 1949, ele tornou-se membro correspondente da recentemente formada Sociedade Americana de genética Humana, organizada por eugenistas e geneticistas americanos.

No outono de 1950, a Universidade de Münster ofereceu a Verschuer uma posição em seu novo Instituto de Genética Humana, onde ele mais tarde tornou-se reitor. No início e meados dos anos 1950, Verschuer tornou-se membro honorário de diversas sociedades de prestígio, incluindo a Sociedade Italiana de Genética, a Sociedade Antropológica de Viena e a Sociedade Japonesa para Genética Humana.

As raízes genocidas da genética humana na eugenia foram ignoradas por uma geração vitoriosa que se recusou a ligar-se com os crimes do Nazismo e por gerações sucessivas que nunca souberam da verdade dos anos seguintes à guerra. Agora, governadores de cinco estados, incluindo a Califórnia, pediram desculpas públicas a seus cidadãos, do passado e do presente, pela esterilização e outros abusos difundidos pelo movimento eugenista.

A genética humana tornou-se um desafio iluminado no final do século XX. Trabalhando arduamente, cientistas dedicados finalmente decifraram o código humano através do Projeto Genoma Humano. Agora, cada indivíduo pode ser biologicamente identificado e classificado pelas características pessoais e ancestralidade. Mesmo agora, algumas vozes no mundo genético estão clamando por uma limpeza dos ineptos entre nós, e mesmo uma espécie humana superior.

Há preocupação compreensível sobre formas de abuso mais comuns, por exemplo, em negar seguro ou emprego baseado em testes genéticos. Em 14 de outubro, a primeira lei anti-discriminação genética passou no Senado por voto unânime. Apesar da pesquisa genética ser global, nenhuma lei nacional pode parar as ameaças.

http://www.sfgate.com/opinion/article/Eugenics-and-the-Nazis-the-California-2549771.php

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