domingo, 28 de julho de 2013

[PGM] 1ª Guerra Mundial: Atentado contra arquiduque deu início ao conflito

Túlio Vilela

 
Se o atentado terrorista nas torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, foi o acontecimento que marcou o início do século 21, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi o que marcou o início do século 20.

Nos primeiros anos do século passado, a situação mundial aparentava ser de relativa tranquilidade. Muitas pessoas, na Europa, principalmente, acreditavam que as guerras entre as potências eram coisa do passado, que estava tendo início uma era de paz e progresso permanente. Mas a dura realidade dos fatos mostrou o quanto a ideia de um mundo em paz era ilusória.

Hoje, a Primeira Guerra Mundial pode nos parecer um fato muito distante e não despertar tanto a curiosidade do público quanto a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a Primeira Guerra e suas consequências estão entre as principais causas da Segunda Guerra. Vale lembrar que entre os que lutaram na Primeira Guerra estava um cabo do exército alemão que anos mais tarde se tornaria mundialmente conhecido: um certo Adolf Hitler.

Qual foi a causa da Primeira Guerra Mundial?

O fato que deflagrou a Primeira Guerra foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, e sua esposa no dia 28 de junho de 1914. O arquiduque e sua esposa foram mortos a tiros em Sarajevo, capital da Bósnia. O assassino foi um estudante nacionalista sérvio. A Áustria apresentou um ultimato à Sérvia e exigiu uma resposta dentro de 48 horas. Os termos desse ultimato eram tão humilhantes que era quase impossível a Sérvia aceitá-los.

Assim, a Áustria, que era aliada da Alemanha, declarou guerra à Sérvia, que era aliada da Rússia, essa por sua vez, era aliada da França e da Inglaterra. Na verdade, o assassinato do arquiduque serviu de pretexto para que os países entrassem em guerra. Desde 1871, as potências europeias estavam em paz umas com as outras, mas todas estavam envolvidas numa corrida armamentista, isto é, todas estavam investindo em gastos militares, cada uma procurando superar as outras em armamentos.

O que foi a "paz armada"?

Por isso, se diz que a paz que havia entre as potências europeias antes da Primeira Guerra era uma "paz armada". Além disso, havia muita rivalidade entre as potências europeias, especialmente entre a França e a Alemanha. Boa parte dessa rivalidade entre franceses e alemães tinha origem nos ressentimentos gerados pela Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).

Uma das principais razões para a rivalidade entre os países europeus era a corrida colonialista, ou seja, a disputa pelo controle de territórios na África e na Ásia. Vale lembrar que, naquela época, os europeus se julgavam superiores aos africanos e asiáticos (a própria "ciência" da época era racista) e encaravam com muita naturalidade a ideia de dominar os povos considerados "inferiores" para explorar as riquezas dos continentes africano e asiático.

Quem lutou contra quem na Primeira Guerra?

Antes de a guerra começar, as principais potências europeias já tinham formado alianças militares: a Tríplice Aliança (formada por Alemanha, Itália e Império Austro-Húngaro) e a Tríplice Entente (formada por Inglaterra, França e Rússia). Ao fazer parte de uma dessas alianças, cada país membro comprometia-se a entrar em guerra caso um dos aliados estivesse envolvido numa guerra.

 
Por exemplo, se a França entrasse em guerra com a Alemanha, a Inglaterra e a Rússia entrariam na guerra ao lado França. Assim, quando a guerra começou, de um lado estavam a Inglaterra e a França, do outro, a Alemanha e o Império Austro-Húngaro. A exceção foi a Itália, que apesar de fazer parte da Tríplice Aliança permaneceu neutra na guerra até maio de 1915, quando "trocou de time", entrando na guerra ao lado dos países que formavam a Tríplice Entente.

Essa "mudança de time" tinha uma razão: a Itália entrou na guerra sob a promessa de seus novos aliados de que receberia o território de regiões fronteiriças da Áustria. Em 1917, a Inglaterra e a França perderam um aliado, a Rússia, mas em compensação ganharam outro, os Estados Unidos. Naquele ano, a Rússia havia passado por uma revolução que derrubou a monarquia russa e um novo governo acabou assinando uma paz em separado com os alemães, o Tratado de Brest-Litovski.

A saída da Rússia foi vista como uma traição por seus antigos aliados. Os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha após vários navios norte-americanos serem torpedeados por submarinos alemães. Isso aconteceu porque os Alemanha havia decidido torpedear todos os navios que fossem encontrados em águas inimigas, mesmo que esses navios fossem de países neutros (navios brasileiros também foram afundados) e os Estados Unidos eram os principais fornecedores de matérias-primas para a Inglaterra.

Outro país que entrou na guerra era o Japão. O objetivo do Japão era apoderar-se de colônias alemãs no Oriente: Tsingtao, na China, e as Ilhas Carolinas, Marshall e Marianas, localizadas no Oceano Pacífico.

Tensão imperialista eclode na Primeira Guerra

Claudio B. Recco

O início do século 20 na Europa não apresentou grandes mudanças, pelo menos do ponto de vista estrutural. As disputas imperialistas, iniciadas nas últimas décadas do século anterior, ainda davam a tônica da política das principais nações e se tornavam mais agudas a cada momento.

A segunda Revolução Industrial permitira que outros países questionassem a supremacia britânica e alcançassem grande desenvolvimento. Mas a manutenção do ritmo acelerado de crescimento foi condicionada à conquista de novos mercados, ao mesmo tempo em que a formação de conglomerados empresariais acirrou a disputa neocolonialista.

Os interesses imperialistas nacionais foram responsáveis pelo armamentismo e por conflitos localizados. Podemos perceber a lógica e as contradições do imperialismo quando várias potências se unem para invadir a China e, ao mesmo tempo, brigam entre si pelo domínio de outros territórios "coloniais".

A península Balcânica foi a região em que se expressaram os mais diversos interesses: o sonho imperialista austríaco, fomentado pela Alemanha, o russo, amparado pela Inglaterra, o sonho da "Grande Sérvia", assim como os ideais nacionalistas de bósnios, croatas, macedônicos, albaneses, kosovares e montenegrinos, que até pouco tempo estavam sob o domínio do turco.

As tensões na Europa chegaram ao seu ponto máximo com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, uma guerra imperialista entre as grandes potências e que ainda envolveu países que pretendiam tornar-se grandes, adotando o mesmo modelo imperialista - casos principalmente da Áustria e da Rússia, países atrasados que, do ponto de vista do capitalismo, não podem ser considerados imperialistas, mas que adotaram os mesmos padrões de desenvolvimento econômico e as mesmas práticas expansionistas.

Esse também foi o período de maior expansão dos Estados Unidos, apoiados principalmente na política do "big stick", quando desenvolveram suas ações principalmente na América Central e no Caribe e aproveitaram-se da Primeira Guerra para consolidar sua estrutura industrial, ampliando as exportações para a Europa e para os países americanos que até então dependiam da Inglaterra.

Fontes:



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